Constelação Familiar de Bert Helling Os vínculos do amor

23 de Novembro de 2018 - 09h23
Leila Augusta Friedrich

Fluxo da vida Todos nós somos filhos, e somos filhos de muitos ancestrais que constitui a nossa linhagem familiar. Esta ancestralidade passou por caminhos muitas vezes tortuosos, outros felizes, ou seja, trilhas de dor alternado com alegria. Tudo isso faz parte da nossa história e que muitas vezes nem sabemos muito sobre ela. E assim continuamos o fluxo da vida; de filho nos tornamos pais, e podemos nos tornar avós e talvez bisavós, a vida segue adiante e toda a carga genética e emocional herdada das gerações anteriores são passadas as gerações seguintes.

A vida segue o fluxo, quando possibilitamos a vinda de novas gerações, e assim novas possibilidades, conhecimentos e experiências, e tudo aquilo que herdamos, contido na história do nosso sistema familiar, muitas vezes seguem padrões, mas o fluxo da vida encontra caminho para continuar.

A vida segue adiante, este é o movimento vital, e é esta força que impulsiona cada geração a olhar para frente em direção a sua vida. Mesmo tendo perdas, sofrimentos e momentos difíceis no sistema familiar, ela auxilia para que estas situações não virem obstáculos ou bloqueios gerados pelas lamentações. Os obstáculos causados pela dor O bloqueio do fluxo da vida ocorre nas situações difíceis, onde nosso olhar fica focado ao fato ocorrido, atuando dentro de nós um amor infantil e imaturo.

Nos deixando preso a situação, sem conseguir reagir e o rio da vida fica barrado, perdemos a força de amar e passar a diante. Nosso amor e lealdade à nossa família nos coloca a repetir e carregar os sentimentos gerados nos traumas ou fatos marcantes do nosso sistema familiar. Esta lealdade parental, faz através da repetição ter uma falsa sensação de ajuda, numa tentativa de liberá-lo do sofrimento.


Este movimento é inconsciente, mas nos deixa tranquilo, pois através das repetições nos mantemos no pertencimento. Mesmo no sofrimento me sinto pertencente a esta família, “estranho seria se tal fato não ocorresse comigo”. Mas tudo se torna pesado quando o fluxo da vida é bloqueado, e quando tentamos ou desejamos fazer diferente, experimentamos o sentimento de culpa, como se estivéssemos traindo nosso sistema familiar. O inconsciente tem influência direta em nós, nos nossos filhos e descendentes, percebemos muitas vezes que vivemos em um emaranhado de situações que não permite prosperar, seja de forma emocional, na saúde, nos relacionamentos, no financeiro, ou seja, em todos os âmbitos de nossas vidas. Sentimos como se a vazão do nosso rio diminuísse. Quebra de bloqueios Quando tomamos consciência desta repetição de padrões, mesmo muitas vezes sem sabermos a causa, muito provavelmente precisaremos de ajuda para que possamos seguir adiante.

A Constelação Familiar visa, de forma prática e vivencial, dissolver e equilibrar antigos padrões, conflitos e doenças que se repetem. Abrindo espaço e desbloqueando esses obstáculos, a solução só é possível quando a ordem sistêmica é reestabelecida. Esta técnica terapêutica trazida ao Brasil nos anos 90, é uma nova abordagem da Psicoterapia Sistema Fenomenológica, criada e desenvolvida por Bert Hellinger, que através de questões familiares, empresariais e organizações, buscou solucionar conflitos e bloqueios. Estudos que resultaram no equilíbrio dos sistemas, muito conhecido como “Ordens do Amor”. Para Hellinger existem 3 leis básicas que atuam no inconsciente: individual, coletivo e familiar:

O PERTENCIMENTO, A ORDEM E O EQUILÍBRIO. Lei do Pertencimento “Pertencer a nossa família é nossa necessidade básica. Esse vinculo é o nosso desejo mais profundo. A necessidade de pertencer a ela vai além até mesmo da nossa necessidade de sobreviver. Isso significa que estamos dispostos a sacrificar e entregar nossa vida pela necessidade de pertencer a ela.” Bert Hellinger – A Cura – pg 17. Cada membro de uma família tem seu lugar, e merecem atenção, se alguém é expulso ou rejeitado, este será representado por uma geração futura, o qual terá um destino similar.

A morte prematura de um membro, tem efeito muito forte sobre o sistema, alguns dirão: “Eu seguirei você” ou “Melhor eu do que você”, essa inclinação para morte pode ser expressa através de uma doença, comportamento perigoso ou vícios. Lei da Ordem “O ser é estruturado pelo tempo. O ser é definido pelo tempo e através dele, recebe seu posicionamento. Quem entrou primeiro em um sistema tem precedência sobre quem entrou depois. Sempre que acontece um desenvolvimento trágico em uma família, uma pessoa violou a hierarquia do tempo.” Bert Hellinger – Ordens do Amor.

Em todo sistema familiar, a ordem precisa ser respeitada, seja um irmão ou um parceiro, a pessoa que vem por primeiro toma o primeiro lugar, os demais seguem a ordem cronológica. Essa ordem precisa ser respeitada, e ser percebida como é, sem julgamento. A hierarquia em um sistema empresarial, quando preservado garante a prosperidade da mesma. Lei do Equilíbrio “O que dá e o que recebe conhecem a paz se o dar e o receber forem equivalentes. Nós nos sentimos credores quando damos algo a alguém e devedores quando recebemos.

O equilibro entre crédito e débito é fundamental nos relacionamentos.” Bert Hellinger – A Simetria Oculta do Amor A Lei do Dar e Receber, também chamada de lei do equilíbrio de Troca, ocorre quando ambas as pessoas compartilham de forma mútua, dando e recebendo apenas o que for possível a cada uma, promovendo liberdade e bem-estar no relacionamento. Entre casais, quando um dos cônjuges dá mais ao outro, sem que o mesmo possa retribuir, ocorre um desequilíbrio, e neste caso o que recebeu se sente em dívida e sente dificuldade de permanecer na relação. Segundo Hellinger, onde o convívio for passivo, as três leis estão atuando, e a ajuda só existe quando aceitamos o sofrimento, e entendemos que muitas vezes foi um grande componente em nosso sistema familiar.

Reconhecer nosso papel e nosso lugar é uma chave de ajuda. Desenvolver a gratidão e abrir mão de ter o sentimento de dó pelas pessoas e nos colocar a disposição sem julgamento ou intenção, nos garante força para o fluxo da vida. No final, somos apenas humanos e o que realmente nos importa é termos a ciência dos nossos limites e da força de um verdadeiro e respeitoso amor em nossos relacionamentos.



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