O que você não resolve em sua mente, o corpo transforma em doença

08 de Maio de 2018 - 10h07
Nádia Cristina Nicóli

A filosofia oriental nos ensina que a saúde do corpo depende da harmonia que encontramos através da mente e da expansão da nossa consciência, ou seja, da compreensão que nossos pensamentos geram o nosso destino. Ela prega que tudo aquilo que não é bom para a mente com certeza não será bom para o corpo.

A palavra psicossomática deriva dos termos gregos psikê: mente/alma + soma: corpo. Logo Doenças Psicossomáticas são os desiquilíbrios do corpo e da mente, que vem da alma/mente e atinge o corpo.

Doenças psicossomáticas são caracterizadas pela manifestação de uma doença orgânica que aparece no corpo, porém a causa da doença é de origem psicológica. Ocorre quando problemas psicológicos se tornam físicos, num processo através do qual a pessoa transfere para seu organismo uma carga emocional, a qual é decorrente de algum problema que está vivenciando ou tenha vivenciado em seu passado. Ela aparece quando o conflito emocional desencadeia doenças ou sintomas que não são detectados por exames médicos e os exames laboratoriais não conseguem descobrir a origem biológica.

Muitas vezes as pessoas procuram o médico com queixas de dores de cabeça, problemas no estômago ou intestino, quedas de cabelo, manchas na pele ou alergias respiratórias, enfim. Fazem todos os exames, tomam remédio e ainda assim a doença persiste. Quando não se torna um problema crônico, ela reaparece em determinados momentos da vida da pessoa.

É considerável o número de pessoas que desenvolvem doenças psicossomáticas e que obtém pouco ou nenhum sucesso no tratamento médico tradicional alopático. Diante das dificuldades no diagnóstico e o insucesso dos tratamentos propostos, não é raro essa preocupação gerar uma procura ‘a vários profissionais da saúde e especialistas, em busca de um tratamento que diminua o sofrimento, traga alívio e a solução para a dor ou desconforto. Porém, muitas vezes a dificuldade do diagnóstico se dá pela resistência do paciente em reconhecer que o problema pode ser de saúde emocional. Normalmente, o médico diante do diagnóstico impreciso comunica que se trata de uma doença de origem psicológica, de ordem emocional, desencadeada pelo estresse ou pela ansiedade e, no entanto muitas vezes, a pessoa minimiza o problema e desconsidera a importância do tratamento adequado com o profissional qualificado.

Muitos acreditam que por se tratar de um “problema da cabeça”, não é real. Porém, quando se fala em “cabeça”, estamos falando do cérebro, que é responsável por todas as funções do corpo. Não há como dissociar mente e corpo, não são duas coisas separadas. Pois ambos não são realidades diferentes, formam uma unidade, e nada acontece na mente sem que se reflita no corpo, assim como nada acontece no corpo sem que a mente perceba. Mahatma Gandhi já dizia: “As doenças são os resultados não só dos nossos atos, mas também dos nossos pensamentos”. O mecanismo que faz surgir a doença psicossomática está ligado ao Hipotálamo. Ele é considerado uma das mais importantes estruturas do sistema nervoso central e atua no controle das emoções e comportamentos.  Essa glândula comanda o sistema nervoso autônomo e produz hormônios que praticamente controlam todas as funções do organismo além de ajustá-lo às variações externas.

O Hipotálamo também é responsável pelo controle do apetite, pela temperatura corporal e atua no processo de contração muscular, também é o principal centro da expressão emocional e do comportamento sexual. Em situações de forte estresse emocional, o corpo reage como alerta de que algo está fora do contexto. O estresse altera o compasso do coração e consequentemente diminui a circulação do sangue, a oxigenação dos órgãos e tecidos é prejudicada e com o passar das horas surgem os sintomas.

A intensidade das emoções e dos sentimentos altera o funcionamento do Hipotálamo resultando no aparecimento de doenças ou sintomas como os problemas respiratórios, gastrointestinais, cefaleias, entre outras que são causadas ou agravadas pela tensão nervosa. Por este motivo, muitas vezes a pessoa tem tremedeira, náusea ou dores de barriga. Para melhor compreender a doença psicossomática, de uma maneira geral, o que acontece é que determinadas emoções e sentimentos tais como raiva, ansiedade, medo, vingança, tristeza profunda, mágoas, etc., ficam retidos no psiquismo da pessoa, fazendo com que este não aceite e nem consiga elaborar ou interpretar tais emoções. Estas situações vivenciadas na mente repetidas vezes mantém o organismo num estado de tensão que propicia o desenvolvimento de perturbações psicossomáticas. Um dos sentimentos que frequentemente está em jogo nestes casos é a raiva.

A agressividade é contida e bloqueada dentro da pessoa e não há uma descarga de forma adequada e uma interpretação para tal emoção. O que começou como um conflito emocional pode virar doença ou sintoma. Em seu livro Equilíbrio Mente e Corpo, o escritor Daniel Goleman escreveu que “Atitudes, crenças e estados emocionais que vão de amor e compaixão ‘a medo e raiva, podem desencadear reações em cadeia que afetam a química do sangue, a frequência cardíaca e a atividade de cada célula e sistema orgânico”.

A doença psicossomática pode manifestar-se nos diversos sistemas que constituem nosso corpo, como por exemplo: • Gastrointestinal: úlcera, gastrite, reto colite. • Respiratório: asma, bronquite. • Cardiovascular: hipertensão, taquicardia, angina.

• Dermatológico: vitiligo, psoríase, dermatite, herpes, urticária, eczema, alergias de pele.
• Endócrino e metabólico: diabetes. • Nervoso: enxaqueca, vertigens.
• Articulações: artrite, artrose, tendinite, reumatismos.

O diferencial mais importante para se considerar uma doença como psicossomática é entender que a causa principal desta descompensação física, que aparece no corpo, está na esfera emocional da pessoa, ligada, portanto à sua mente, aos seus sentimentos, à sua afetividade. O convívio diário em um ambiente tenso e com situações estressantes favorecem quadros de estresse e ansiedade. Se a pessoa não desenvolver habilidades comportamentais para que seja possível agir sobre tais situações e se indicado, procurar um especialista capacitado a lhe auxiliar com tratamento correto, estará sujeita a maiores riscos de desenvolver distúrbios provocados pelo mau funcionamento do Hipotálamo.

A doença psicossomática é real. Mesmo sem o diagnóstico das causas, a dor e a ferida existem e a pessoa percebe que algo não vai bem. Aliás, a doença aparece como um alarme. Ela chama para uma realidade que a mente não consegue enxergar. A doença ou o sintoma obriga a direcionar o olhar para si mesmo, para o seu modo de vida e convida a mudá-los. A mensagem da doença é: Se cuide, viva melhor! Mas como prevenir e/ou tratar uma doença psicossomática?

O primeiro requisito é fazer com que as pessoas se amem o bastante para cuidar do corpo e da mente. Saúde emocional é o equilíbrio das funções psíquicas, que se revela na capacidade de entender e gerenciar as emoções, resultando em sentimento de bem-estar e na ausência de distúrbios emocionais. Em primeiro lugar compreender a mensagem do corpo é fundamental para buscar caminhos mais saudáveis. É preciso ter coragem para reconhecer o problema e dar o primeiro passo na busca de ajuda para lidar com ele. É preciso identificar a causa e buscar saber qual a variável da questão emocional, trauma ou bloqueio que ganha força para desencadear ou manter o problema.

Devido a ação do hipotálamo o fator desencadeante da doença psicossomática continuará presente. É fundamental entender que a causa do que aparece no corpo está dentro do campo emocional afetivo, ligada à mente e aos sentimentos. Autoconhecimento e vida saudável contribuem efetivamente. Na dimensão emocional a maneira como lidamos com nossas emoções tem um impacto muito grande na nossa saúde física e mental; a autoestima precisa ser cultivada; a (pré) ocupação pode ser administrada, pois sofremos por antecedência; lidar com o estresse é um aprendizado. “Mais importante que a própria tensão é a maneira como reagimos a ela.

A tensão provém de como o paciente interpreta os acontecimentos”. Jerome Frank – Médico Neuropsiquiatra - The Johns Hopkins Hospital. Porém existem outros fatores que afetam a capacidade de manter-se saudável: a falta de objetivos definidos, a vida afetiva vazia, a fé pouco consistente e a ansiedade exacerbada, também podem gerar um estado de desequilíbrio. • Na dimensão física a pessoa precisa atentar para algumas atitudes que a ajudarão: • Alimentar-se corretamente e de forma saudável;

• Ser ativo fisicamente;
• Evitar bebidas alcoólicas e outras drogas;
• Ter atitudes seguras e pensamentos positivos;
• Dormir o suficiente;
• Fazer exercícios de respiração e até incluir a meditação na sua rotina,
• Visitar seu médico e profissional da saúde regularmente. Ter claro que bons hábitos e o autoconhecimento é a chave para termos uma vida plena, feliz, saudável física e emocionalmente. Lembrando sempre das seguintes perguntas:
• Como nos percebemos?
• Como percebemos o mundo?
• Como reagimos? Partindo do ponto que nossa existência é todo um processo contínuo de aprendizado, evolução, reformulação de nossas emoções, de nossa compreensão dos porquês, como eles surgem e nos levam a agir, alcançaremos um ponto de equilíbrio quando formos capazes de perceber o que sentimos, não com o propósito de nos defendermos desses sentimentos, mas com a intenção de canalizá-los positivamente, e dessa forma evitarmos os desequilíbrios.

Por isso devemos observar quais emoções estamos mantendo em nosso coração e mente, porque somos inteiramente responsáveis por nossos próprios sentimentos e comportamentos, e por eles respondemos.



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